[Tag Team] André Lameirão e JT Barrage vs Shurt'ugal e Silver

| JT Barrage |

Parece que chamam por mim, mas na verdade era o mar daquela terra que fazia barulho ao bater nas rochas. Matosinhos, uma terra linda. A terra que me faz viver. A Terra onde nasci. Foi nesta terra que te conheci. Foi nesta linda terra que te encontrei meu amigo. Que me dizes de darmos o passeio matinal?



| JT Barrage |

Então rapaz. Estás pronto? Sim? Então vamos lá. Calma rapaz… Olha que ainda te magoas, ou magoas alguém, e olha que este prédio já leva uma renda algo cara de mais para a minha carteira. Com calminha, sim?

Dragon era um Pastor Alemão ainda pequenino, JT Barrage gostava bastante dele. Não permitia que nada de mal acontece-se ao seu cachorrinho. JT Barrage antes de sair de casa com o seu cachorrinho deu-lhe uns biscoitos de cão, que Dragon devorou rapidinho. Antes de saírem os dois ainda foi beber água e depois saíram de casa.

| JT Barrage |

Dragon, vamos à praia? Sim? Vamos lá então. Pelo caminho vamos comprar umas coisinhas para ficarmos a dar uma voltinha pelo resto do dia. Já sei. Vamos ao Continente e depois vamos para a praia. Temos que comprar os champôs para ti e a tua escova, que apesar de seres novinho, já largas muito pelo.

E foram os 2 a pé a caminho do Continente mais perto de sua casa e da praia.

Shurt’ugal permanecia imóvel, numa ruela sonolenta, sentado num banco a olhar para o vazio. Os seus olhos raiavam como pérolas, como se esperando que algo aterrasse do nada à sua frente como num filme de acção sem enredo com um grande orçamento. Estava com as costas direitas, apenas com uns calções velhos e largos e uma t-shirt comprada numa venda de garagem, com Steppenwolf em letras legíveis sobre o peito. Na sua mão direita, o relógio herdado do pai teimava em dar nas vistas. A chuva caía lentamente, pingas grossas e quentes, sem dar tréguas aos transeuntes.

Falava consigo mesmo, destacando-se de toda a multidão. As palavras não chegavam a ser pronunciadas, mas dentro da sua cabeça estava a discursar abertamente para um espectador imaginário. Durante um dia regular, todos os assuntos inúteis serviam para dialogar consigo mesmo por algum tempo. Precisava urgentemente de causar boa impressão no novo emprego. Sentia-se por um lado inútil, por outro lado protegido por ter um parceiro ao seu lado na sua estreia.

Nunca fora muito bem sucedido entre amizades, por isso não sabia como iria resultar. Sempre soube qual é o seu problema: Não fecha a porra da matraca! Fora despedido do último emprego exactamente por isso. Em vez de servir à mesa ficava á conversa com os clientes e servia rodadas de graça a raparigas com certos atributos. Aliás, nunca conseguira manter uma relação por mais de 2 meses, mas isso era outra história.

Ao levantar-se sentiu as pernas dormentes. Não conseguia saber que horas eram nem quanto tempo estivera sentado porque o relógio já estava estragado quando o seu primo o deixara cair na sanita … pelo menos tinha sido o que ele lhe garantira quando o retirara com luvas e uma pinça gigante. De qualquer maneira, continuava a ser a única coisa que herdara do seu pai quando ele morrera. Grande besta! Fizera tudo por ele! Até comprara umas galochas para ir ao funeral dele.

Esquecera-se novamente de propor um treino ao seu parceiro antes do fim-de-semana, para preparar tudo. Distraíra-se a falar consigo e quando dera por si ainda estava deitado em frente à televisão num saco de cama, sítio onde adormecera. Ainda se questionava acerca do sutiã que lá estava pousado, mas decidiu deixar isso para mais tarde. Sem hesitações desta vez, dirigiu-se ao “ginásio”. Bem, como se houvessem fundos para pagar a um ginásio a sério. Começou por fazer elevações na paragem de autocarros, seguidos de abdominais num longo banco, com duas pernas partidas.

Sentia-se melhor e mais confiante. A sua cabeça estava finalmente livre de problemas. Deu as boas noites a si mesmo e entrou no primeiro bar que encontrou, porque sabia que não se lembraria de mais nada a partir dali, no dia seguinte.

Silêncio. O abundante silêncio é quebrado pelo duro som de um forte toque corporal, em madeira.
Escuridão. Intocável e imponente mantém-se contra todas as adversidades, continuando a impor barreiras.

Era ele, debatia-se perante fortes e duros postes de madeira, com toda a sua força. Uma rajada de pontapés, dois murros fortes e seguros seguidos de uma cotovelada conseguida. Mas pára. Ouvem-se passos no exterior daquela sala. Ele pressente algo, desaparece no meio da escuridão, permanecendo quieto e imóvel. A porta abre-se de repente. A escuridão impedia que o intruso fosse reconhecido, era impossível, a visão era negra. Após um estalar de dedos, várias tochas ao redor de toda a sala se acendem. A escuridão passou a ser o passado e aquela luz quente iluminou o visitante inesperado. Era um velho de idade, baixo em estatura por sinal. Uma grande barba branca muito lisa, asiático pelo seu olhar. Usava um enorme robe branco com desenhos típicos japónicos a dourado. E vinha com uma pequena bengala na mão. Sereno, ficou imóvel à entrada da sala. Parecia que tudo estava num momento de pausa, tudo, incluindo o ar, interrompeu o seu ciclo de movimento.
Do nada um vulto cai do cimo da sala em direcção ao estranho velho, com a intenção de o atacar.
Sem sucesso. Com o simples levantar da bengala, o misterioso velho havia desviado o “seu oponente” e feito com que este se desequilibra-se, tendo que recorrer à sua habilidade para não se estatelar no chão.

Velho: Não é assim que me conseguirás atingir, com tão fraco sentido de imprevisibilidade. Tens de trabalhar nisso meu rapaz.

O vulto ergue-se, era a promessa das promessas, era ele.

AL: Não se preocupe, eu sei bem que você só se safou desta vez, porque controla toda a sala.

Velho: Desculpas e mais desculpas. Sabes que só os fracos usam desculpas? É o seu argumento, é a única maneira que têm de não serem humilhados ou espezinhados. Os verdadeiros guerreiros assumem as consequências de seus actos.

AL: É tudo muito bonito, sim. Mas eu usei um facto, não uma desculpa. São coisas diferentes, mestre, não vale a pena desculpar-se.

O velho mestre esboça um pequeno sorriso, de orgulho.

Velho: Bem, passando ao que realmente interessa. Trago novidades para ti. Como teu mestre interino, decidi dar-me ao luxo de responder a uma carta que foi deixada hoje de manha, aqui à porta.

AL: Uma carta, para mim? Que dizia?

Velho: Sim, para ti. A carta vinha de uma federação portuguesa, acabada de abrir, verdadeiramente recente. Continha um convite para ti. Dizia que haviam enviado convites a muitas estrelas portuguesas e internacionais. Eu não pude evitar e respondi por ti.

AL: E…

Velho: E fazes agora parte do plantel. Receberás um salário razoável, que poderá subir ou descer conforme as tuas prestações e terás de estar todas as semanas, aos Sábados, nos espectáculos semanais e PPV’s.

AL: Mestre, obrigado. Desde que a Extreme Federation fechou portas, que me sinto incompleto. O wrestling faz parte de mim, é a minha vida. E sinto-me com vontade de combater. Principalmente após nunca ter tido a minha oportunidade pelo título máximo da empresa. Sabe quando irei começar, ou se é preciso tratar de mais alguma coisa?

Velho: Não me jovem. Está tudo resolvido. Tens apenas que comparecer no recinto, Sábado, para enfrentares uma equipa qualquer, não tomei nota.

AL: Sejam eles quem forem, não há salvação possível. O destino é só um, desta vez eu irei conseguir realizar os meus objectivos, e nada me irá parar. Em tempos prometi-lhe sucesso em sua honra, mas falhei por razões bastante óbvias. Está na hora da vingança, mestre. Garanto-lhe com toda a força do meu ser, que NINGUÉM me irá deter, travar ou impedir-me de chegar ao meu objectivo. Tudo o que sou, devo-o a si e quero, preciso, que quando me vir no ringue, se sinta, acima de tudo, orgulhoso do que criou. Não serei um monstro, nem um doce-de-menino. Serei eu, SÓ eu. Não quero amizades, não quero paixões, não quero qualquer coisa que me possa afectar. Quero pura e simplesmente mostrar que sou o melhor atleta puro que este mundo já viu.

O velho solta uma pequena gargalhada.

Velho: E irás consegui-lo meu filho.

| JT Barrage |

Sabes Dragon, é nesta parte da cidade que mora um amigo meu, chama-se Mário e tem a mesma idade do que eu. Já lá vão 5 anos sem nos vermos.

De repente, um vulto toca-lhe nas costas, ao que JT Barrage responde a esse toque com um pontapé.

| ???|

Calma moço… Já não te lembras de mim? Acabas de falar de mim nas minhas costas e não me reconheces?

|JT |

Mário? Estás diferente pá. Nem te reconheci. E normalmente tu quando me vias e se me apanhasses de costas davas-me um cachaço, e não um toquezinho nas costas.

| Mário |

As pessoas mudam, sabes? Que tens feito? Fala para ai.

| JT |

Arranjei emprego numa empresa de Papel, mas fechou. Agora estou a trabalhar com a minha irmã no escritório dela até aparecer alguma coisa. Ela tinha-me falado deste lugar, mas pensava que estava a brincar. Talvez vá. É isso, eu vou.

Anda Dragon!!!

JT Barrage sai a correr deixando Mário a falar sozinho…